Considerações sobre a Gestalt-Terapia

A Gestalt-Terapia não é uma abordagem analítica, porém integrativa, e visa promover o processo de crescimento e desenvolver o potencial humano. A diferença essencial entre a Gestalt-Terapia e a maior parte das outras linhas de psicoterapia é que na Gestalt o psicólogo não busca analisar, mas sim integrar partes dissociadas e em conflito.
A Gestalt está interessada no des-cobrimento do potencial adormecido do indivíduo; em ajudá-lo a perceber e a superar os papéis que desempenha, a fim de ser si mesmo, com a finalidade de preencher os buracos de sua personalidade, para torná-la inteira e completa. Crescer realmente não é simples, leva tempo e exige empenho e o caminho é tornar-se real, aprender a assumir um posicionamento, desenvolver centralidade e independência emocional, compreender a base do existencialismo que significa que cada um é o que, “eu sou o que eu sou e neste momento não posso ser diferente do que sou; sou responsável apenas por mim mesmo”; e a maturidade emocional e compreender e assumir total responsabilidade por si mesmo.

Na Gestalt partimos da premissa que o organismo sabe tudo. Nós sabemos muito pouco.
A intuição é a inteligência do organismo. A inteligência é o todo e o intelecto é a corrupção da inteligência – é o computador, o jogo de encaixe, onde tendemos a fazer o jogo do achismo: “se isto é assim, então aquilo é assim”– todo este calcular, este achismo intelectualizado faz com que muita gente substitua o ver e o ouvir a verdade do que se passa pelos seus delírios e fantasias. Assim, se você está muito ocupado com seu computador cerebral, intelectualizando tudo, sua energia dirige-se somente ao processo de pensar, e você não vê e não ouve mais, está fora de sintonia com o seu centro de sensações. Torna-se, então, propenso aos ataques de ansiedade e angústias.

A Gestalt visa conduzir o paciente ao processo de maturidade, quando então o indivíduo abandona a necessidade do apoio ambiental e conta com o auto-apoio. O objetivo da terapia é fazer com que o paciente não dependa dos outros, e descubra rapidamente que ele pode contar com seus próprios potenciais para atuar em prol de si mesmo, muito mais do que acha que pode.
O processo de terapia consiste em reassumir as partes rejeitadas da personalidade, confusas, obscuras e em conflito, até que a pessoa se torne suficientemente forte para facilitar seu próprio crescimento, e aprender a entender onde estão os vazios emocionais, suas raízes e como lidar com eles, por si mesmo, sem a atuação ou dependência dos outros.

A Gestalt considera que quando o indivíduo ou a sociedade está em choque com o universo, quando transgride as leis da natureza, perde também seu valor de sobrevivência. Assim, nesse processo de dissociação abandonamos a base da natureza – o universo e suas leis – e nos tornamos artificiais, tanto como indivíduos quanto como cidadãos que vivem em sociedade; perdemos nossa razão de ser. Nesse momento, a neurose e os sofrimentos dela decorrentes se instalam.

As técnicas principais da Gestalt-Terapia são: a percepção do aqui-e-agora – integração da atenção e da tomada de consciência, com base no prestar atenção ao sentir.
Nada existe a não ser o aqui-e-agora. O agora é o presente, é o fenômeno, é o que você percebe, é o momento no qual você carrega consigo as suas assim chamadas memórias e as suas assim chamadas antecipações. Seja lembrando ou antecipando, você faz o seu agora. O agora é criativo, porque você usa o que está disponível. O passado não é mais. O futuro ainda não é. Agora engloba tudo o que existe. Agora inclui o equilíbrio de estar aqui, é o experienciar, o envolvimento, o fenômeno, a consciência. Na Gestalt-Terapia não se pergunta POR QUE e sim COMO (que engloba a percepção de tudo o que é estrutura, comportamento, tudo o que realmente está acontecendo – o processo em si. O “por quê” envolve racionalização, intelectualização, desculpas, inquéritos sem fim, por isso evita-se os por quês e valoriza-os o “como”, “de que forma”.
Outro ponto importante: Assumir responsabilidade pelo que sente, a fim de não jogar a culpa em mais ninguém. Responsabilidade = capacidade para responder, para criar respostas. “Eu sou eu e eu sou o que eu sou. Sou totalmente responsável pelo que faço comigo, pelas escolhas que efetuo”.
Confronto entre as partes conflitantes – é a proposta de integração de nossos variados papéis, vozes cobradoras em nossa cabeça, achismos, exigências.
Técnica da Cadeira vazia – proposta de expressão do sentir e de integração com as pessoas que nos rodeiam, personagens de nossa própria história, a fim de resgatar potenciais e propiciar a percepção de nossas projeções e fantasias.


ORAÇÃO DA GESTALT:
Eu faço minhas coisas, você faz as suas
Não estou neste mundo para viver de acordo com suas expectativas
E você não está neste mundo para viver de acordo com as minhas
Você é você e eu sou eu
E, se por acaso nos encontramos, é lindo
Se não, nada há a fazer.

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