No consultório e nos locais onde ministro palestras e cursos, ouço
muitas histórias de decepção, principalmente por causa de expectativas não
atendidas e desilusões por conta de idealizações excessivas.
Vejo uma busca absurda pelo culto ao corpo, por tratamentos “milagrosos”
para atender ao que a mídia propaga como moda, ideal ou adequado. E isso tudo
para suprir as supostas expectativas de alguém “também ideal” por quem se está
buscando.
Nas possibilidades de encontros em diversos locais ou antes mesmo deles
ocorrerem (em aplicativos para relacionamentos), há pessoas já colocando um
monte de quesitos a serem atendidos pelo outro, como por exemplo: “corpo X,
altura Y, sensual de forma Z, olhos da cor N, que se vista na moda P, que tenha
a barriga sarada, músculos definidos, um carro do ano, que não more longe, que
não more em locais muito simples, que tenha um bom papo, que passe pelo menos
dez mensagens por dia” ... Como se somente esses aspectos, que se pode mensurar,
bastassem.
Mas penso: Cadê o sentir? Cadê o espaço para as afinidades? Você não
consegue conhecer alguém direito se não conversar com essa pessoa, sair com
ela, ficar com ela. Sem esses quesitos não dá, e o principal é sentir: sentir a
energia, a química, as afinidades mentais espirituais.
Precisa ser um encontro real, de almas; se não tiver uma química, você
se sentirá beijando uma parede, se não houver afinidades mentais e espirituais,
você sentirá como que jogando conversa e energia fora. Um encontro real tem que
ter troca em todos os sentidos.
Vamos parar com essa tendência horrorosa de procurar, buscar
desesperadamente, como se busca uma coisa, com especificações de fábrica,
modelo, etc. Vamos parar de achar que você tem que ter um corpo assim, assim
para alguém gostar de você.
Não é dessa forma que funciona, há muitas variáveis que causam a atração entre
duas pessoas: o visual até é importante, mas o mais importante é o que se sente
e o que mencionei acima, senão, não dura.
A busca sem o sentir leva a um troca-troca tão grande de “parceiros” a
ponto de ser promiscuidade física e espiritual, e você já deve ter ouvido falar
que a promiscuidade espiritual é pior, porque com cada pessoa que você sai e
transa, por exemplo, você fica ligado pelo menos por uma semana ou mais e
também fica ligado ao que está espiritualmente com ela.
Imagine um indivíduo sair com três ou quatro pessoas ao mesmo tempo, ou
num pequeno período de tempo, a nível energético. Você quer isso para você? Ou
prefere ser um pouco mais seletivo e auto respeitoso para consigo mesmo?
Também é muito propenso ao fracasso aquele que não consegue estar só
consigo mesmo por qualquer período, mas pula de namoro em namoro, como se
sozinho fosse morrer. É o cúmulo da carência emocional desequilibrada e da falta de
capacidade de se autossuprir. Um tempo entre relacionamentos é essencial para o
autoconhecimento e para não levar todas as neuras do antigo relacionamento para o
novo.
Deixe o seu sentir, intuição
falar mais alto do que sua carência de ter alguém, qualquer alguém que não tem nada a ver com você.
Reflita!
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