Imagine
que surge um ponto em sua pele e você sente um desconforto, uma coceira, e
começa a coçar e vai aumentando a sensação de irritação, cada vez mais, e você
vai coçando até que começa a sangrar, porque houve um máximo de atrito e o
resultado é um ferimento na pele que carecerá de cuidados, com pomadas, para
que acalme e cicatrize.
O que
é necessário para o processo de cura: reconhecimento e aceitação do fato,
mudança de atitude (parar de coçar e de reclamar), ação adequada: procurar o remédio
para resolver o problema e utilizá-lo de forma correta.
Assim,
comparando com nossos sentimentos de irritação e indignação, que podem estar
relacionados a inúmeros aspectos da vida, como, por exemplo - o clima, o
comportamento de uma determinada pessoa, um acontecimento indesejado - a irritação fica lá, aumentando dia após
dia pela falta de aceitação e de um olhar realista e funcional ao que é que nos
irrita e ao que podemos e queremos fazer com isso.
Tudo
que nos incomoda ou nos irrita ativa um mecanismo, em nosso sistema de defesa, que
se compara à ação das células brancas quando correm para o local do ferimento a
fim de deter uma infecção. Esse mecanismo é como uma pressão que nos diz: se
incomoda, você tem que fazer algo, tem que mudar isso.
Só
que, na maioria das vezes, não observamos quais são nossos limites reais, como,
por exemplo: não temos o poder de mudar o tempo, não podemos mudar e o jeito de
ser de alguém, não podemos mudar as regras de uma empresa que não é nossa... Então,
o que fazer como nossa irritação?
Primeiro,
é importante ter noção de qual nosso real poder de modificar o que está fora de
nós para reconhecer e respeitar limites,
especialmente os nossos.
Quando
a irritação é muito grande ou contínua, ela causa sintomas no corpo, como úlceras,
gastrite, síndromes do intestino irritável, cefaléias, cardiopatias, entre
outras síndromes que refletem o excesso de ansiedade
acumulada pela pressão que nos impomos.
Além
do mais, quando não percebemos e não respeitamos
nossos limites, acabamos criando culpas e autocríticas pela nossa ineficiência
- que, na realidade, não é ineficiência e sim uma normal e humana falta real de
poder.
Não
somos super heróis ou mágicos! Só que ao não levar em conta essa verdade, nós nos
depreciamos cada vez mais. A alma se sufoca e vai gerando uma bela depressão,
como um sinal da grande necessidade de voltarmos à atenção para nós mesmos, com
maior respeito, e considerarmos os fatos da vida como desafios a serem
enfrentados com garra, sem indignação ou só irritação.
Logo,
reflita o quanto a irritação é o veneno que corrói, e o quanto é necessário um
olhar do que realmente podemos e queremos fazer apesar de as coisas, as pessoas
e a vida serem como são. Podemos falar, tomar atitudes como impor limites,
dizer “chega, não tolero mais isso”, mandar tudo às favas e mudar de casa, de
cidade, de trabalho...
O que,
de fato, precisamos, é respeitar a nossa irritação porque ela nos comunica que
algo não está legal, só que precisamos, depois de aceitar, elaborar o espaço
que temos de ação e, o mais importante, agir em prol de nós mesmos.
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