Reflexões sobre a agressividade infantil – Caso do menino Bernardo

Segue vídeo com resumo do caso.


Gostaria de tecer algumas considerações sobre o caso do menino Bernardo, que foi assassinado pela sua madrasta, por uma amiga de sua madrasta e por seu pai.

Em alguns vídeos gravados pelo pai, o menino aparece como super agressivo e problemático; talvez ao gravar esses vídeos o pai tivesse a intenção de justificar seus maus-tratos ou até mesmo a tivesse a intenção do assassinato, mas, muito mais provavelmente, ele os fez daquela maneira para tentar isentar-se de responsabilidades quanto ao comportamento do garoto.

Ora, vamos ponderar: uma criança nasce e é sujeita a receber uma série de idéias, comportamentos, valores de pais ou tutores; ela é como um recipiente onde conteúdos são depositados e, eventualmente impostos; ela os absorve simplesmente como uma dependente que é desse meio primário, uma vez que não tem capacidade de analisar o que lhe está sendo imposto e não pode avaliar que tipo de valores e idealizações lhe estão sendo transmitidos.

Logo, deduz-se que qualquer comportamento que essa criança venha a apresentar é da responsabilidade desse meio que a criou e da forma como ela foi tratada; mesmo considerando uma interpretação espiritual de que a criança já traz em si uma natureza individual com tendências e maneiras de ser só suas.

O meio influencia sim o desenvolvimento da natureza individual que a criança traz. Se o meio é carinhoso, afável, respeitoso, as tendências negativas do espírito não encontrarão reforço para se desenvolver; porém, se o meio for agressivo e desrespeitoso, há o reforço necessário para que essas tendências venham à tona e se tornem comportamentos hostis ou agressivos.

Dentro da visão espírita, sabemos que o espírito é levado às pessoas que lhes são necessárias (e ele é necessário a elas) para evolução, conciliação e aprendizado mútuos. O meio que se encarregou de trazer esse espírito para a encarnação é responsável por como tratá-lo e por sua recuperação; logo, vemos como há uma enorme responsabilidade de quem cuida ou se propõe a cuidar de uma criança.

A criança é, assim, uma vítima desse meio. No caso de Bernardo, poderíamos nos perguntar como ele seria, se em vez de esse pai e madrasta se comportarem como se eles fossem as vítimas do garoto, eles tivessem buscado orientação psicológica ou ainda levado o garoto para um tratamento adequado, se tivessem acolhido o garoto, se tivessem se esforçado em ouvi-lo, dar-lhe atenção e demonstração de aceitação e carinho? Posso afirmar com toda certeza que esse menino seria totalmente diferente e se comportaria de forma completamente diferenciada do que foi mostrado nesses vídeos.

Conclusão: o meio que cuida de uma criança é responsável pelo desenvolvimento físico e emocional dessa criança, com exceção do aspecto das doenças congênitas apenas. O meio é responsável por cuidados físicos corretos, e por agir também de forma correta a nível emocional. Mesmo que os pais ou tutores sejam relativamente ignorantes, intelectualmente falando. Exceção feita aos mentalmente comprometidos (realmente deficientes mentais graves) que podem gerar filhos, sem a devida consciência do que fazem.

Se houver amor, respeito, consideração, atenção e valorização da natureza individual da criança, ela mostrará o seu melhor lado (tendências positivas que se sobreporão às eventuais tendências negativas que pode trazer em sua natureza individual).

Cuidados físicos, exemplos comportamentais consistentes, diálogo no nível que a criança entenda são imprescindíveis em um processo saudável de criação e educação.

Uma criança agressiva está sinalizando muita infelicidade, insegurança, desamparo e, na realidade, as suas atitudes agressivas simbolizam um pedido de socorro, dando a entender que não agüenta mais, demonstrando um grande sofrimento existencial, e, por isso, é muito importante que se preste atenção em ações ou reações agressivas por parte de uma criança. Quando essa agressividade é percebida pela família, esta deve procurar ajuda e orientação. Se for percebida por um parente, vizinho ou professor, por favor, denuncie, não seja indiferente a este pedido de socorro representado por atitudes.



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